quarta-feira, 27 de maio de 2015

Josefa Jorge ( Tocha, ? / Palmela, 1882 )

Josefa Jorge nasceu na freguesia da Tocha em data incerta, mas com certeza entre 1800 ( data do casamento dos seus pais ) e 1810 ( data da morte do seu pai ). A ausência de registos de batismo nesta freguesia entre 1796 e 1805 está na origem desta imprecisão dos factos. Os seus pais foram Manuel da Costa Tabanez e Rosa Jorge e, a dar crédito à sua certidão de casamento, podemos concluir que os seus avós paternos foram Manuel da Costa Tabanez e Maria Francisca, do lugar do Escoural da freguesia da Tocha; pela parte materna, foi neta de José Francisco Maricato e de outra Josefa Jorge, do lugar das Povoeiras da mesma freguesia.

Casamento de Manuel da Costa Tabanez e Rosa Jorge, em 1799
Manuel da Costa Tabanez, marido de Rosa Jorge, faleceu em 1810

A primeira referência ao nome de Josefa Jorge surge no registo do seu casamento, que ocorreu em 1826, na " Capella de Nossa Senhora da Tocha da Freguesia de Sam Joam da Quintan Izento do Rial Mosteiro de Sancta Cruz de Coimbra " , o qual identifica os seus pais como Manuel da Costa Tabanez e Rosa Jorge e refere o lugar do Escoural  como a sua morada.

Casamento de Agostinho Loureiro e Josefa Jorge, em 1826
Nove meses após o casamento, nasceu a sua primeira filha, Maria. Todavia, apenas cinco anos depois surge o assento de batismo de outro filho, José;

Maria, filha primogénita de Josefa Jorge, nasceu em 1827, na Tocha
 Este intervalo temporal entre o nascimento dos dois filhos afigura-se estranho num casal jovem, especialmente se tivermos em conta que o primeiro filho veio ao mundo nove meses após o casamento dos pais e os últimos nasceram com intervalos de tempo mais curtos. Como explicar então este espaçamento entre os nascimentos do primeiro e do segundo filho? Poder-se-ia considerar a existência de um filho nascido e batizado numa freguesia vizinha nesse período de tempo, no entanto não defendemos essa teoria, por um lado porque tanto Josefa Jorge como Agostinho Loureiro eram naturais da Tocha e tinham a família mais próxima nessa mesma freguesia; por outro, porque nas pesquisas efetuadas em freguesias próximas não foram encontradas quaisquer referências ao casal. A explicação poderá residir na ausência do marido durante longos períodos de tempo; por outras palavras, Agostinho Loureiro poderia ter-se deslocado temporariamente para as terras a sul do rio Tejo muito antes de aqui se estabelecer definitivamente com a família. Na verdade, no âmbito da nossa pesquisa, verificámos a presença de trabalhadores temporários oriundos da região gandaresa, que os párocos apelidavam frequentemente de caramelos e malteses. As provas da presença do marido de Josefa nesta região antes do final da década de 1830 são inexistentes, no entanto o epíteto de maltês atribuído a Agostinho no registo de nascimento de um neto, muitos anos após a sua morte, reforça essa hipótese.

Sem qualquer dúvida, podemos afirmar que em 1839 Josefa Jorge era moradora no lugar da Carregueira da freguesia de São Pedro de Palmela, sendo paroquiana da Igreja de São Jorge de Sarilhos Grandes, onde  a sua filha Ana, nascida nesse mesmo ano, foi batizada.

Ana, nascida na Carregueira, freguesia de Palmela, em 1839 
Outros três filhos de Josefa Jorge foram batizados em Sarilhos Grandes, o último deles em 1847. Em suma, entre o Escoural a e a Carregueira, Josefa Jorge foi mãe sete vezes, ao longo de vinte anos. A existência de um desses filhos apenas é conhecida através do respetivo registo de óbito, tendo falecido na Fonte da Vaca um mês e meio após o nascimento do irmão mais novo. 

Josefa Jorge enviuvou em Dezembro de 1851, quando alguns dos seus filhos ainda eram muito novos; em Agosto de 1853, casou com José Fernandes, solteiro e igualmente natural da freguesia da Tocha, na Igreja de Palmela. Não temos conhecimento da existência de descendência deste enlace e a idade de Josefa nesta altura já poderia ser um obstáculo para a maternidade. No entanto, este casamento foi longo, tendo durado precisamente 29 anos, até à data da sua morte.

Casamento em segundas núpcias, com José Fernandes
Josefa Jorge faleceu em 1882 " no sítio da Fonte da Vaca ", na " freguesia de São Pedro e Santa Maria de Palmela ", " tendo recebido os sacramentos da Santa Madre Igreja ". Não tinha 69 anos de idade, como refere o registo do seu óbito, mas sim mais alguns.


Josefa Jorge, minha quarta avó, faleceu em 1882







domingo, 10 de maio de 2015

Manuel de Oliveira ( Mira, 1805 / Palmela, 1886 )

Manuel de Oliveira nasceu em 1805 no lugar do Ramalheiro da freguesia de São Tomé de Mira.  Os seus pais foram Joaquim de Oliveira e Inocência de Miranda . Foi neto paterno de João de Oliveira e Jacinta Ribeira , do Seixo da referida freguesia; pela parte materna, os seus avós foram João de Andrade e Maria de Miranda , do Ramalheiro.

Manuel, meu quarto avô
Ignora-se a data de chegada de Manuel de Oliveira a esta região, no entanto esta ocorreu seguramente antes de 1838, pois em Janeiro desse mesmo ano casou com Maria de Jesus, viúva na Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem, na Moita; no mesmo dia foi baptizado o primeiro filho do casal, José.
Casamento de Manuel de Oliveira com Maria de Jesus
Batismo de José, primeiro filho do casal
A sua segunda filha, Maria, foi também batizada na Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem, no ano seguinte;  no entanto, as duas crianças mais novas do casal, Ana e Margarida, foram baptizadas na Igreja de São Jorge de Sarilhos Grandes,  respetivamente em 1841 e 1846. Aliás, é no registo de batismo de Ana que surge, pela primeira vez, a referência à morada da família, no lugar do Abreu, sem contudo se especificar de que Abreu se tratava, uma vez que existiam dois lugares com o mesmo nome na mesma zona: Abreu Grande Abreu Pequeno

Manuel de Oliveira faleceu em 1886 e o registo do seu óbito esclarece definitivamente a sua morada, no Abreu Grande, lugar limítrofe da freguesia de Palmela , embora próximo da Moita, assim como de Sarilhos Grandes. Atualmente, o lugar de Abreu Grande pertence à freguesia da Moita. Ficamos também a saber que Manuel de Oliveira terminou a sua vida como mendigo.


Manuel de Oliveira, mendigo, faleceu em 1886



terça-feira, 28 de abril de 2015

José Gonçalves Amaro ( Tocha, 1838 / Palmela, 1911 )

José Gonçalves Amaro nasceu em 1838 no lugar das Berlengas, na freguesia da Tocha. Foi o segundo filho de Manuel Gonçalves Amaro e de Rosa Jorge. Foi neto paterno de José Gonçalves Amaro e de Maria Joaquina, do lugar dos Pereirões da freguesia da Tocha; pela parte materna, foi neto de José Rodrigues Azenha e Joaquina Jorge, do lugar das Berlengas da mesma freguesia.
José Gonçalves Amaro, meu quarto avô
Em 1858, José Gonçalves Amaro já se encontrava na região de Palmela, tendo sido padrinho de baptismo de um seu sobrinho; na mesma cerimónia foi madrinha Ana de Jesus, com a qual casaria dois anos depois, em 1860, na Igreja da Misericórdia de Palmela, como se pode comprovar no registo seguinte. 

A primeira filha do casal, Maria, nasceu no ano seguinte, em 1861, na Fonte da Vaca e os sucessivos nascimentos dos filhos prolongaram-se pelo menos até 1881.
Maria de Jesus, minha trisavó
Em 1906, apenas seis meses após a morte de Ana de Jesus, José Gonçalves Amaro contraiu novo casamento. Ignoram-se os pormenores do enlace, no entanto um período de luto tão curto não seria muito normal na época e muito menos entre a " comunidade caramela ". Mas, na verdade, a ocorrência foi tão incomum que o seu relato permaneceu no imaginário familiar e local até aos nossos dias, através da transmissão oral. No entanto, só recentemente se comprovou a sua veracidade, através da certidão que se segue.

Casamento com Maria Rosa, três décadas mais nova
Essa casamento resultou no nascimento de pelo menos uma filha, nascida três meses após a morte do seu irmão José, trinta e quatro anos mais velho. Dezoito meses depois, faleceu José Gonçalves Amaro, no Pinhal Novo.

Sabina, filha de José Gonçalves Amaro e Maria Rosa
José Gonçalves Amaro faleceu em 1911
Para finalizar, é importante referir a existência da alcunha Peralta, associada não só a José Gonçalves Amaro, como também a pelo menos dois dos seus filhos, a qual se transformou rapidamente ( no espaço duma geração ) em apelido. Como consequência, hoje existem nesta região os dois apelidos, Amaro e Peralta, com a mesma origem. O seguinte assento de óbito deste filho de José Gonçalves Amaro mostra-nos que a alcunha Peralta foi acrescentada ao apelido Amaro, o que não acontecia nos registos anteriores. Supondo-se que a alcunha já existia, o que é bastante provável, uma vez que as alcunhas fazem parte da tradição onomástica " povo caramelo ", a sua utilização seria mais frequente num registo oral e mais raramente aparecia nos documentos escritos. No entanto, a experiência genealógica deste povo revela que foram inúmeras as alcunhas transformadas em apelido.





domingo, 26 de abril de 2015

Rosa Jorge ( Tocha, 1813 / Palmela, 1858 )

Rosa Jorge nasceu em 1813 no lugar das Berlengas, freguesia da Tocha; foi filha de José Rodrigues Azenha e Joaquina Jorge; neta paterna de Francisco Rodrigues Azenha e de Maria de Oliveira, das Berlengas; neta materna de Amaro Jorge e de Maria Jorge, da Caniceira " todos da freguesia de São João Baptista da Quintã ( Tocha ) Izento do Real Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra ".

Rosa, minha quinta avó
Casou com Manuel Gonçalves Amaro em 28 de Janeiro de 1835 na Igreja de Nossa Senhora da Tocha. No final desse mesmo ano, nasceu o seu primeiro filho, ao qual se seguiram outros seis, no espaço de doze anos, ou seja, até ao final de 1847. Nesse mesmo período temporal, faleceram pelo menos duas dessas crianças. 

Casamento com Manuel Gonçalves Amaro
Em Janeiro de 1855, ficou viúva. Três anos e cinco meses depois,em Junho de 1858,  faleceu na Fonte da Vaca, freguesia de São Pedro de Palmela, a mais de duzentos kilómetros da sua terra natal. É legítimo afirmar que Rosa Jorge chegou ao território correspondente à futura freguesia de Pinhal Novo  acompanhada dos seus filhos. Aliás, o seu filho primogénito, com o mesmo nome do pai, Manuel Gonçalves Amaro, contraiu casamento em Junho de 1857 na Igreja de Santa Maria e São Pedro de Palmela; também o segundo filho, José Gonçalves Amaro, casou no mesmo local mas três anos depois.

Rosa Jorge, viúva de Manuel Gonçalves Amaro, moradora na Fonte da Vaca;
o equívoco na morada poderá ser consequência da sua condição de recém-chegada. 

Podemos assim concluir que Rosa Jorge migrou para a região de Pinhal Novo entre 1855 e 1857, num período de tempo caracterizado pela conjugação de vários factores importantes, como o casamento de José Maria dos Santos com Maria Cândida Ferreira Braga S. Romão, em 1857, a colonização destas terras pelo mesmo e ainda o início da construção do primeiro troço dos caminhos de ferro do sul, entre o Barreiro e Vendas Novas, com passagem  no Pinhal Novo, cuja exploração pública foi iniciada em 1861






quinta-feira, 16 de abril de 2015

António Jorge Delgadinho ( Cadima, 1839 / Lisboa, 1877 )

António Jorge Delgadinho, também conhecido por António Vilão ( a alcunha vilão/viloa encontra-se associada a esta família desde o século XVIII, )nasceu no lugar da Fervença, freguesia de Cadima ( concelho de Cantanhede ) em 1839; foi filho do segundo matrimónio de Manuel Jorge Delgadinho e do primeiro de Maria da Costa ( também identificada por Maria Cardosa ), ambos naturais da freguesia de São João Baptista, Tocha; foi neto paterno de Manuel Jorge Delgadinho e Mariana Jorge, do lugar da Tocha; pela parte materna, foi neto de Manuel Cardoso e Sebastiana da Costa, dos Catarinões da freguesia da Tocha.

António Jorge Delgadinho, meu trisavô,  nascido em 1839
Ficou orfão muito cedo: a mãe faleceu em 1850 e o pai em 1854, na Fervença. Em 1865, contraiu matrimónio com Luisa de Jesus, na Igreja Paroquial de Palmela, sendo morador no lugar da Fonte da Vaca. É muito provável que já vivesse nesta região há algum tempo, uma vez que as migrações em grupos familiares eram frequentes e as suas irmãs já se encontravam nesta região na década anterior: Isabel de Oliveira ( casou em 1854 com Manuel Rodrigues Meão, do qual enviuvou, e em 1855 com José Agostinho, em Palmela ); Ana da Costa ( casou  em 1859 com António Azenha em Palmela ). Verifica-se ainda a existência de um outro irmão, José Jorge Delgadinho ( casou com Maria Jorge em 1871, em Palmela ).

António Jorge Delgadinho e Luisa de Jesus, em 1865.

À data da sua morte, António Jorge Delgadinho era rendeiro de José Maria dos Santos, ao qual pagava de renda 6.000 réis anuais; faleceu em 1877 no Hospital Real de São José, em Lisboa, deixando 5 filhos menores, as benfeitorias de uma fazenda, na sesmaria da Venda do Alcaide, uma casa de adobe em mau estado, um jumento preto e uma dívida de 72.000 réis

Letra no valor de 72.000 réis, em nome de António Vilão, fazendeiro, morador no sítio do Espinhaço de Cão

No inventário de menores por óbito de António Jorge Delgadinho  foram incluídas as alcunhas do casal: Vilão e Quendera



















sexta-feira, 3 de abril de 2015

Isabel de Oliveira ( Cadima, 1829 / Montijo, 1886 )

Isabel de Oliveira nasceu em 1829 no lugar de Fervença, freguesia de Cadima ( concelho de Cantanhede ), filha de Manuel Jorge Delgadinho e Isabel da Rocha; foi neta paterna de outro Manuel Jorge Delgadinho e de Mariana Jorge, naturais da freguesia da Tocha; pela parte materna, foi neta de José de Oliveira e de Isabel da Rocha, da Fervença. Aos quatro anos ficou orfã de mãe, tendo o seu pai casado novamente um ano depois.

Isabel, minha trisavó, nascida em 1829 na Fervença
Em 1854 casou com Manuel Rodrigues Mião, natural da freguesia de São Mamede de Quiaios, na Igreja Paroquial de São Pedro de Palmela, tendo enviuvado pouco tempo depois, sem se constatar a existência de filhos fruto desse matrimónio. No final do ano de 1855, Isabel de Oliveira contraiu matrimónio com José Agostinho, na mesma Igreja Paroquial de Palmela. Nos documentos seguintes, podemos observar o registo do primeiro casamento à esquerda e o referente ao segundo matrimónio à direita, separados por apenas 18 meses.



Isabel de Oliveira viveu no lugar de Fonte da Vaca durante muitos anos, dado comprovado pelos sucessivos registos paroquiais, desde o seu primeiro matrimónio até ao batismo do último filho, ocorrido em 1871; aí nasceram os seus oito filhos, todos batizados em Palmela; no entanto, ao falecer, em 1886, era moradora no sítio da Jardia ( localidade do concelho de Montijo que confina com o concelho de Palmela, nomeadamente com a Fonte da Vaca, existindo laços culturais e familiares fortes entre as suas populações ) e onde ainda hoje permanecem alguns dos seus descendentes. Existe um Inventário Obrigatório do Tribunal Judicial da Comarca do Montijo subsequente à sua morte.

Isabel de Oliveira faleceu em 1886



quinta-feira, 26 de março de 2015

Maria Jorge ( Arazede, 1821 / Palmela, 1866 )

Maria Jorge nasceu no lugar dos Pelicanos da freguesia de Arazede ( concelho de Montemor-o-Velho ) em 1821; foi filha de Jorge Mendes, também designado por Jorge Clemêncio e de outra Maria Jorge; foi neta de avós paternos incógnitos e teve como avós maternos José Simões e outra Maria Jorge, do mesmo lugar dos Pelicanos.

Maria Jorge, minha quarta avó, nascida em 1821, no lugar dos Pelicanos

Desconhece-se a data de chegada aos arredores do Pinhal Novo, porém sabe-se que veio acompanhada pelos pais ( pelo menos pela mãe ) e irmãos, um dos quais faleceu em 1845 no lugar da Fonte da Vaca.

Permanece desconhecido o registo de casamento de Maria Jorge com Manuel Carreira,  ( assim como vários outros registos de matrimónios contraídos na mesma época na Igreja de São Jorge de Sarilhos Grandes ), no entanto os filhos que teve com Manuel Carreira nasceram entre 1843 e 1854, os primeiros foram baptizados na Igreja de São Jorge de Sarilhos Grandes e os últimos na Igreja de São Pedro de Palmela.

Maria Jorge enviuvou de Manuel Carreira em data imprecisa ( no entanto, o inventário orfanológico decorrente da sua morte indica o ano de 1861 como data de falecimento do marido ), tendo contraído matrimónio com Joaquim Simões Cantante, em 1862. Deste casamento resultou um filho, que nasceu em 1864.

Matrimónio de Joaquim Simões Cantante, solteiro, e Maria Jorge, viúva
Manuel, filho de Joaquim Simões Cantante e Maria Jorge

Maria Jorge faleceu em 1866, no sítio da Carregueira, " tendo recebido os Sacramentos da Santa Igreja ". Os seus filhos menores ficaram a cargo do seu irmão, José Jorge Clemêncio, segundo um Auto de Acção de Libelo do Tribunal Judicial da Comarca de Setúbal.