Luisa de Jesus nasceu no lugar das Berlengas da freguesia da Quintã, no dia 5 de Dezembro de 1840, tendo sido batizada aos vinte dias do mesmo mês na Igreja de Nossa Senhora da Tocha. Os seus pais foram Joaquim Ribeiro e Maria de Jesus, moradores no mesmo lugar. Foi neta, pelo lado paterno, de José dos Santos Lourenço ( avô ilegítimo ) e Bernarda da Cruz, do mesmo lugar das Berlengas; foi neta, pelo lado materno, de José Gonçalves Valente e Eufémia de Jesus, do lugar da Gesteira, freguesia de Cadima deste mesmo Bispado de Coimbra.
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Luisa, minha trisavó, nascida na Tocha em 1840 |
Luisa de Jesus chegou ao lugar da Fonte da Vaca, na freguesia de Palmela, ainda jovem; aos dezasseis dias do mês de Novembro de 1865, pouco antes de completar 25 anos, contraiu matrimónio com António Jorge Delgadinho na Igreja de São Pedro de Palmela; os padrinhos do enlace foram António Azenha, cunhado do noivo, e José Ribeiro Quendera, irmão da noiva.
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Casamento de Luisa de Jesus com António Jorge Delgadinho, em 1865 |
Precisamente um ano depois, no dia 16 de Novembro de 1866. nasceu e faleceu, com apenas uma hora de vida, o seu primeiro filho, ao qual foi dado o nome de Manuel.
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Manuel, primogénito de Luisa de Jesus, faleceu
com apenas uma hora de vida |
No entanto, entre 1868 e 1876, Luisa de Jesus foi mãe de pelo menos cinco filhos, os quais atingiram a idade adulta e tiveram descendência: Maria de Jesus Quendera ( 1867 ), a única que herdou o apelido Quendera, casou com Manuel Luis da Silva e viveu na Jardia ( concelho de Montijo ); Joaquina de Jesus ( 1871 ) casou com João Lázaro, com o qual viveu na Lagoa do Calvo ( concelho de Palmela ); Manuel Jorge Delgadinho ( 1872 ) casou com Maria Domingues ( Rilhó ), tendo-se fixado na na zona do Forninho / Poceirão ( concelho de Palmela ); Emília de Jesus ( 1875 ) casou com Francisco Branco Pagaime, com o qual viveu na zona do Terrim ( concelho de Palmela ); finalmente, o benjamim, José Jorge Delgadinho ( 1876 ), o meu bisavô, casou uma primeira vez com Ana dos Santos, a qual faleceu precocemente, e posteriormente com Perpétua de Jesus, tendo falecido na casa onde nasceu, no lugar da Fonte da Vaca, num lugar que já se chamou Lagoa da Palha e também tem a designação toponímica de Espinhaço de Cão.
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Maria, nascida em 1868 |
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Manuel, nascido em 1872 |
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José, nascido em 1876 |
Em
Agosto de 1877,
Luisa de Jesus enviuvou de
António Jorge Delgadinho,
que faleceu precocemente e em circunstâncias desconhecidas no
Hospital Real de São José, em Lisboa, deixando-a com
cinco filhos pequenos e uma dívida de
72.000 réis, que lhe custaram a perda das benfeitorias de uma fazenda que tinha arrendada a
José Maria dos Santos. O Processo relativo ao Inventário de Menores só terá terminado em
1887 e é através dele que ficamos a saber que
Luisa de Jesus, a Quendéra, casara no ano anterior com
Francisco Marques Piedade,
o Catalão, estando o casal a viver na
Estrada do Cascalho.
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Informação de 24 de Fevereiro de 1887, incluída no Inventário de Menores,
segundo a qual a inventariante Luisa de Jesus, a Quendéra, contraíra
matrimónio em segundas núpcias com Francisco Marques Piedade,
o Catalão, e residem na Estrada do Cascalho. |
O casamento com
Francisco Marques Piedade, de alcunha
o Catalão, ocorreu no dia
16 de Março de 1885, na
Igreja de São Pedro e Santa Maria da Vila de Palmela; foram testemunhas deste enlace
José Maria Ribeiro, trabalhador agrícola, e
José Maria Galamba, sapateiro, ambos casados e moradores no sítio do Pinhal Novo desta freguesia. Embora não tenha certezas quanto à localização do local de residência do casal, na
Estrada do Cascalho, é muito provável que se trate de um topónimo que hoje se denomina
Estrada do Alto do Cascalho, situado na freguesia de Pinhal Novo.
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Aos 16 dias do mês de Março de 1885 Luisa de Jesus, viúva de António
Jorge Delgadinho, casou com Francisco Marques Piedade, viúvo de Adelaide Rosa |
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Localização provável da morada do casal Francisco Marques Piedade
e Luisa de Jesus |
Surpreendentemente, descobri há pouco que Luisa de Jesus, a Quendera, enviuvou uma segunda vez, tendo ainda casado uma terceira vez. De facto, aos 24 dias do mês de Outubro de 1892, Luisa de Jesus, viúva de Francisco Marques Piedade Catalão, falecido no Hospital de Setúbal em Abril de 1890, contraiu matrimónio, com José Maria Branco, filho de Manuel Branco Pagaime e Henriqueta de Miranda, também ele viúvo e com filhos menores. Foram testemunhas desta união o irmão da noiva, José Ribeiro Quindera, viúvo, proprietário e morador no sítio da Fonte da Vaca, e António dos Santos, casado, trabalhador, morador no sítio da Carregueira.
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Casamento de José Maria Branco e Luisa de Jesus |
Desconheço, para já, quanto tempo durou este matrimónio e a data do falecimento desta trisavó com uma vida tão difícil, no entanto sabe-se que aos 5 dias do mês de Novembro de 1894, Luisa de Jesus consentiu o matrimónio da sua filha Emília de Jesus, ainda menor ( 19 anos ) com Francisco Branco Pagaime.
Apesar de desconhecer o final de vida desta mulher, deduz-se que terá sido uma força da natureza que lutou corajosamente contra uma existência recheada de atribulações.